É muito comum ouvirmos das pessoas que sofreram relacionamentos abusivos, que elas não sabiam que estavam vivendo uma relação assim. Nós mulheres, muitas vezes, somos ignorantes com relação a situação que estamos vivendo, não conseguindo entender que estamos sofrendo um relacionamento abusivo.
Embora saibamos conceitualmente que relacionamento abusivo se trata de uma relação afetiva entre pessoas, no qual, um usa a força e o medo para reprimir e tentar fazer com que o outro corresponda as suas necessidades, já ouvi muitos relatos que me fez entender, que a realidade de se estar sendo abusada demora a se tornar consciente.
Nós relutamos em chegar a uma conclusão, pois não queremos encarar a realidade, uma vez que, se constatado, a realidade nos conclamará à ação. Essa ação, na verdade, precisa ser uma reação diante do abuso e do(a) abusador (a). No entanto, tememos tais reações porque a verdade é dolorosa e desconcertante e por isso, ficamos relutantes. De acordo com o Dicionário Online de Português, relutante é alguém que “não aceita; obstinado, teimoso”...
Mas, por que relutamos e tentamos ignorar os abusos?
Essa realidade não é apenas de mulheres que têm pouca instrução, que não tiveram acesso a estudos ou que possuem pouca bagagem cultural. Esta é também a realidade de mulheres graduadas e pós-graduadas, bem-sucedidas financeiramente e com grande bagagem cultural.
Por que não vemos? Como não vemos que estamos sendo abusadas? Vivenciamos, sofremos, às vezes apanhamos e não vemos? Como isso é possível?
Por estarmos numa situação simbiótica com os nossos lares, às vezes, temos dificuldades de reconhecer que estamos sofrendo um relacionamento abusivo. E também porque, diante de tantas demandas que atribuem às mulheres, não dá tempo para que reflitamos muito sobre nossas vidas. Precisamos agir rápido para atender diversas demandas. Talvez seja por isso, que muitas mulheres não percebem o quanto estão sendo abusadas e o quanto estão se abusando. Não dá tempo para pensar sobre o que está acontecendo.
Outro fator que pode explicar a dificuldade de reconhecer que se sofre de um relacionamento abusivo é a sensação de ligação afetiva profunda com o abusador. Isto nos faz acreditar que ele não seria capaz de nos fazer mal porque esse alguém às vezes é romântico, cavalheiro, compreensivo, provedor e diz que ama. O agressor se mostra nos primeiros momentos atencioso e gentil e com isso conquista a confiança da vítima e isso as tornam mais vulneráveis a posteriores abusos. E por isso, a abusada se pergunta: Como ele pode me fazer mal?
É paradoxal para o nosso cérebro aceitar que algo pode ser e não ser, simultaneamente. Que podemos ser amadas e não amadas ao mesmo tempo e pela mesma pessoa. Por isso, preferimos nos apegar aos aspectos positivos do relacionamento e sublimamos a nossa capacidade de refletir sobre a situação.
Também podemos não reconhecer que vivemos relacionamentos abusivos, por termos diversos medos. Medos está no plural porque os medos são muitos. Medo de sermos abandonadas, medo de destruirmos a família, medo de sermos malvistas...
Entretanto é a constante reflexão sobre as situações vividas diariamente, julgando, analisando e criticando o que nos acontece, que poderemos chegar às respostas de algumas perguntas, como: o que que está realmente acontecendo? Por que eu fiz o que fiz? Por que fazem o que fazem? Ou, como podem deixar de fazer o que fazem e começar a fazer o que não fazem?
Além disso, muitas pessoas que sofrem relacionamentos abusivos sofrem de um transtorno muito comum, associado a casos de abuso emocional e a dependência emocional. Geralmente, movidas pelo medo, a vítima assume comportamentos submissos, pois carecem de autoconfiança e têm dificuldade em tomar decisões e expressar suas vontades.
A destruição da autoestima é a principal razão para que pessoas permaneçam em relações tóxicas, pois isso mina toda forma de reação, uma vez que a vítima se sente incapaz de sair da relação, mesmo ela sendo uma relação abusiva.
O empoderamento é a válvula de escapes de relações abusivas. Empoderamento também se traduz em autoestima elevada e isso pode contribuir para que nos sintamos capazes de largar o osso, pois ele não nos fornece nutrientes vitais que precisamos para existir ativamente.
Após reconhecer que vive uma relação abusiva, busque ajuda.
Se pudermos ajudar, segure firme a nossa mão...
Ellen Maianne S. Melo e Paula Oliveira
Muito bom explica miutas coisas adorei ter lido isso Obrigado pela ajuda
ResponderExcluirSim, realmente, o trabalhas de As desmedidas é uma grande ajuda para todos e todas.
ExcluirObrigado ao movimento As desmedidas. A contribuição de vocês, principalmente para nós homens é muito importante. Eu me pego a pensar, como homem, companheiro que fui e sou, quantas vezes eu possa ter sido instrumento de "abuso" em um relacionamento. às vezes em coisas simples, imperceptíveis.... e vejo através do trabalho de vocês (Paula, Rozy e Ellen) e antes tinha Joelma, que nós evoluímos a cada dia, diante de tamanha lição de vida e aprendizado. Obrigado. Acordar para a vida, crescer e amadurecer para o bem, nunca é tarde. Parabéns.
ResponderExcluirahhhhh... q legal! nos dedicamos muito par levar conteúdo de empoderamento para a mulherada. Em breve sairá o livro "As Desmedidas", pela Editora Performance !!
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