Ao longo da história da humanidade a mulher desempenhou papeis de cuidadoras, graças à cultura desenvolvidas pelas sociedades que realizavam a divisão dos trabalhos. Assim, enquanto os homens primitivos caçavam, cabiam às mulheres cuidar do grupo.
Mas, existem várias literaturas que tentam imprimir nas nossas mentes que a função cuidadora das mulheres é da ordem da natureza e que se deve a nossa “herança biológica”. Esta é a linha de defesa apresentada no livro "Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?" que traz uma linhagem ideológica conservadora, que se baseiam no inatismo para defender que saber cuidar é uma capacidade natural da mulher.
Porém, ideias como essas acima, são facilmente rebatidas quando olharmos a nosso redor e vemos que isso não se trata de uma regra. Muitas mulheres não desenvolvem ao longo da sua experiência, habilidades de cuidadoras, seja por falta de vontade ou porque foram educadas em um ambiente em que existia uma equidade de gênero e vivenciaram experiências em que as mulheres desenvolviam trabalhos similares aos trabalhos masculinos.
No entanto, em uma educação dentro do contexto do machismo e do patriarcado, somos ensinadas a sermos essencialmente, cuidadoras. Desde as primeiras brincadeiras infantis há uma demarcação de gênero muito forte, em que as brincadeiras de casinha e bonecas são reservadas às meninas aprendizes de mães e esposas. Assim, o valor social da mulher, ao se tornar adulta vincula-se ao ato de ser mãe e nos ensinam que esta seria a realização máxima do cuidado com o outro.
Entretanto, a mulher vem ampliando de forma firme e constante o seu estar no mundo e a participação em outros espaços sociais configura-se também como uma necessidade de autorrealização.
Mas, o livro "Em busca do equilíbrio entre o feminino e o masculino", afirma que, mesmo as mulheres ampliando sua participação no mercado de trabalho, as profissões escolhidas continuam ligadas ao cuidar. “De acordo com dados pesquisados, utilizando como fonte de pesquisas os dados do INEP, os cursos com mais matrículas de mulheres são os cursos que coadunam com a ideologia de que cabem às mulheres o cuidar. Assim, os cursos com mais matrículas são: Pedagogia (92% de mulheres), seguido de Enfermagem, Serviço social, Fisioterapia, Recursos Humanos, Nutrição, Psicologia e Medicina Veterinária (p.98).
Muitas de nós ainda nos sentimos intimidadas em escolhermos as profissões preferidas pelos homens, como: Engenharias, Filosofia, Eletroeletrônica e Informática.
Diante deste contexto social que nos imprimem a ideia de que somos essencialmente cuidadoras, onde nos sobra tempo para o cuidar-se?
Neste âmbito do cuidar de si, a campanha do Outubro Rosa enfatiza a necessidade do olhar da mulher direcionar-se para a sua saúde, como algo que precisa ser adicionado à rotina.
O cuidar do outro é básico para criar um mundo com relações mais gentis e amorosas, mas não é uma tarefa exclusiva da mulher. É uma tarefa de todos e todas e precisamos normalizar isso para estabelecer relações mais justas. E, se queremos um mundo melhor precisamos engendrar esforços para que haja uma equidade de gênero na divisão do trabalho, em que as mulheres não sejam sobrecarregadas, ao mesmo tempo em que não sobre para nós as tarefas mais difíceis, ao ponto de nos custar a nossa própria saúde, uma vez que não nos sobra tempo para o autocuidado.
Enquanto cuidamos, quem nos cuida? O cuidar-se deve ser enxergado não como uma brecha na agenda, mas como uma rotina estabelecida e cumprida, sabendo que nossa saúde é prioridade e a vida é por demais valorosa para ser deixada em segundo plano.
Cuide-se!
Cuidemo-nos!
Juntas somos mais fortes!
Paula Oliveira e Ellen Maianne
Parabéns. Leitura salutar, rica e cheia de entusiasmos, munida de muitas dicas de como se cuidar bem e alcançar um Bem-estar sublime e permanente.
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