Será? Esse o nome de música de Legião Urbana lançada no ano de 1985 e composta por: Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Uma música escrita por três homens, mas que consegue falar de uma triste realidade vivida por muitas mulheres.
Será, aqui, além do nome da música que serve de ignição para movimentar a minha escrita é também um verbo. Um verbo conjugado na terceira pessoa do futuro do indicativo. Ela/ele será...
Mas, o Será cantado por Legião Urbana se dá no presente e ele está em primeira pessoa. Sou Eu quem questiona no presente: será?? “será só imaginação?” ” será que nada vai acontecer?” será que é tudo isso em vão” será que vamos conseguir vencer?”
Questões como essas povoam continuamente a mente de muitas mulheres que sofrem violência doméstica, mas que demoram a entender a realidade vivida. E muitas, mesmo após ter consciência que estão sendo violentadas, não possuem recursos (sejam eles psicológicos ou materiais) para saírem daquela relação abusiva. Mas, o ato de questionar pode ser um princípio que garanta a sobrevivência de muitas mulheres.
A música citada acima me inspira a escrever sobre as tantas violências diárias sofridas por nós mulheres, mas que por serem tão constantes são normalizadas e até mesmo invisibilidades. Mas, a tecnologia tem sido uma aliada na defesa das mulheres, pois graças as tantas câmaras que nos acompanham diariamente, ficou mais fácil registrar e comprovar as agressões ocorridas nos ambientes privados dos nossos lares, distantes dos olhares externos.
Nessa semana, o Brasil se deparou com a exposição do caso de violência doméstica sofrida por Pâmella Holanda, esposa do famoso DJ Ivis. Uma câmera de segurança instalada na residência do casal gravou as agressões físicas. Assim, veio à tona o caso, com “direito” a cenas chocantes, mas, não para todxs. Enquanto de um lado, o repúdio ao agressor tomou conta das redes sociais, em contrapartida, o mesmo agressor ganhou mais de 240 mil seguidores numa única rede social, de acordo com um levantamento feito pela Social Blade, após a divulgação dos vídeos em que ele aparece espancando a companheira.
Esses dados mostram o quanto grande parte da nossa sociedade ainda é machista e misógina, uma vez que confere ao homem a legitimidade de subjugar e até mesmo violentar as mulheres.
No entanto, nós mulheres nos juntamos em coro para cantar a música da sororidade. Utilizamos a potência da arte como força revolucionária para cantar em alto e bom tom: “tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você”! “Você pode até duvidar”, mas ... “isso não é amor”!
Repudiamos toda forma de agressão às mulheres.
Não deixaremos que o nosso valor seja medido por vocês!
Ellen Maianne S. Melo
As desmedidas
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