Tudo o que existe emite energia e vibra. E isso não é uma noção mística, mas
científica. Os modelos atômicos de Rutheford e Bohr, desde o início do século
passado, nos mostram que a matéria aparentemente inerte, está em constante
movimento atômico e que os elétrons orbitam os núcleos e produzem energia.
Energia e movimento se copertencem. A energia promove o movimento e o movimento
promove energia. Essa verdade comprovada apenas recentemente, já era dita pela
Filosofia no século V, antes da era cristã. Dizia Heráclito: tudo está em
movimento. O mundo é “devir”. Ou, a famosa frase: “ninguém entra no mesmo rio
duas vezes”. A psicanálise também corrobora essa ideia de que tudo é movimento e
energia, quando chama de pulsão o impulso energético interno que impelem as
nossas ações cotidianas. Entre a ciência, a filosofia, a psicanálise... Nós,
aonde estamos? Em meio a tantas teorias estamos absortas nas nossas atividades
cotidianas, representando bem nossos papeis sociais, exercendo nossos direitos e
cumprindo deveres, honrando os pactos sociais para garantir a pseudo paz social.
Mas, à medida que vivo dentro destas normas e correspondo aos padrões esperados
para o lugar existencial que eu ocupo, eu me pego parada no acostamento, na
margem do lago. Não, isso não é uma metáfora. O lago da Perucaba era caminho de
casa. A beleza daquela superfície me absorvia e por vezes, parava pra contemplar
e fotografar, principalmente quando voltava para casa no colorido do pôr-do-sol.
Aquela superfície vibrava! Ela sempre atendia a provocação do vento que soprava
lentamente e ela se movia e encantava aos meus olhos, ao mesmo tempo que tocava
minha alma. Estive observando as pequenas ondas vibratórias que formavam na
superfície da água, impulsionada pelo vento, e me peguei a pensar: E eu? O que
me faz vibrar? Me surpreendi com a pergunta, uma vez que sabemos que na
realidade, tudo que existe, vibra, pois todas as moléculas têm uma movimentação:
a movimentação própria para aquele elemento. No entanto, existem forças que
fazem com que o nosso padrão vibratório seja alterado. Por exemplo: a vibração
do Lago da Perucaba é alterada pela força do vento que toca sua superfície,
dando-lhe mais movimento e energia. Então, consegui encontrar a raiz do meu
questionamento. Me perguntava: que forças existem em mim, que me fazem vibrar? E
a pergunta pelo que me faz vibrar pode ser tranquilamente substituída pelas
perguntas: O que me impulsiona à ação? Ou, que energia eu carrego que faz com
que eu me movimente, ou, que movimentos eu faço que me dão energia? Convido as
leitoras que nunca pararam pra se perguntar o que as movem, a se imaginarem
agora, na beira de um lago bem cheio de água, cuja superfície, aparentemente
calma e resignada, esconde debaixo de si coisas inimagináveis. Lembro que
enquanto parada estava contemplando o lago, conseguia captar toda aquela beleza,
mas, sempre me lembrava do que eu já tinha ouvido falar que tinha ali embaixo.
Muitos dejetos. Por anos, aquele lago funcionou como lugar de descarte de lixo.
Lá embaixo mora muita coitire suas sa que não vemos e nem nunca veremos. Mas,
independente do que se esconde ali embaixo, se é limpo ou sujo, feio ou bonito,
a superfície iluminada pelo sol, brilha, reluz e se move ao som do vento! E
aprendi com o lago: Mesmo que algumas coisas estejam contidas, a superfície deve
vibrar! Qual o vento que te embala e te faz vibrar? Refresque-se ao sabor do
vento, na medida em que ele sussurra no seu ou vido, a frase em forma de música:
você está vii-viii-vaaaa!
Ellen Maianne S. Melo
As Desmedidas
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